terça-feira, 25 de agosto de 2009

É TEMPO DE PARTIR PARA O ATAQUE


É sempre momento de avaliar? É a partir dela que podemos formar opinião, procurar novos rumos, corrigir objetivos e às vezes manter o que esta dando certo.
Sempre após uma competição de vulto, como o Mundial de Atletismo que ocorreu em Berlim, surge os catedráticos, a turma do marketing, os governos, os curiosos e os palpiteiros de rádio, jornais e televisão dizendo que é necessário mais investimento no esporte. Todos eles concordam comigo, concluo. Mas gente, este foi o 12º Campeonato Mundial de Atletismo - período de 1983 à 2009 - e já tivemos a realização de 26 Olimpíadas - período de 1896 à 2006 - para não dizer de outras centenas de competições tipo grand prix, campeonatos, copas, mundiais, meeting, de dezenas de esportes olimpícos ou não.
O investimento nas Confederações tem ocorrido. Pode não ser o adequado. Mas tem sido feito. Agora as Confederações estão muito distantes da base que são as escolas. Nunca tive notícias de uma delas convocando suas Federações para colocar em prática algum projeto que visasse a procura de talentos esportivos entre os milhões de alunos das escolas que estão espalhados por este Brasil afora, para engrossar suas fileiras de atletas.
Quando mesmo esse investimento será feito nas escolas? A maioria das escolas brasileiras continuam não tendo se quer um espaço adequado para o desenvolvimento de suas atividades esportivas escolares, ou seja uma quadra de esportes quiça sala de ginástica, pistas de atletismo para as aulas educação física.
Em Brasília, o governo local esta construindo espaços chamados de "Vilas Olímpicas" que serão destinadas a formação de atletas em idade escolar, entre outras destinações. Mas já tive informações que a pista de atletismo não se parece com nenhuma outra, pois ela não possui as medidas que seríam necessárias para o bom desenvolvimento dos treinamentos. Espero que as pistas para saltos, a piscina, a plataforma dos saltos ornamentais não estejam também fora dos padrões mínimos oficiais, pois corre o risco do governo estar construído alguns elefantes brancos.
Nas escolas, não dão condição de trabalho para os professores. A simples bola de voleibol, basquetebol, futsal ou futebol não chegam. Quem dirá um peso, um dardo, um disco. Gente, colchão de salto em altura e seus apetrechos é um sonho. Aparelhos de ginástica, uma caixa de areia para salto, nem pensar.
Nos últimos anos chegou sim algumas bolas. Bolas feitas em penitenciárias em que a gente a quica no chão e ela não retorna a sua mão. Ela desvia, pois o material não é de qualidade; ela perde a circunferência e fica toda deformada. São duras demais. Quando toca no braço doe. Acabam servindo apenas para chutar.
No final de 2008 o diretor do Santos Dumont sabendo dessa penúria nos solicitou uma lista de material e então adquiriu as melhores bolas para o desenvolvimento das aulas de handebol, futsal e voleibol e estas estamos utilizando com afinco.
O espaço em que desenvolvemos às aulas de Educação Física, no Santos Dumont, é de asfalto. Esse local era destinado ao estacionamento da escola. Por ai você pode tirar uma conclusão de como são as coisas. Puramente improviso.
Para participar de competições regionais os alunos precisam arcar com as despesas da inscrição, de seu transporte, do lanche e muitas vezes do uniforme da equipe. Desta forma como massificar, motivar, estimular a garotada para a vida esportiva sistematizada sem um mínimo de contrapartida institucional, não é mesmo?
Agora se houvesse o investimento nas escolas e na Educação Física não sería só para formar atletas, em razão de que não existe apenas este objetivo para ser perseguido. Instrumento melhor para prevenir a ocorrência de doenças e esvaziar as filas dos hospitais; formar para a cidadania; para o mundo do trabalho; para uma vida participante na sociedade não tem combinação melhor que educação e atividade física regular, não é mesmo?
Não temos mais que esperar as próximas Olimpíadas, mundiais, copas, meeting ou grand prix. Chega de avaliar com um fim em si mesmo. Ao longo de todos esses anos já chegamos a um diagnóstico e constatamos: não há mais tempo a perder; é hora de abrir o cofre e estabelecer a Educação e o Esporte como uma prioridade brasileira, para o desenvolvimento de toda uma nação no campo educacional, esportivo, econômico, social, político e cultural.


Imagem: saco de bolas de voleibol. Arquivo pessoal.


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